Por muito tempo as estrelas de Hollywood foram as influenciadoras da moda. Os estilos eram divulgados e copiados por mulheres que queriam estar em dia com as últimas tendências. Uma destas estrelas era a alemã Marlene Dietrich que fez do estilo andrógeno sua marca pessoal na década de 1930. Em 1966 sua imagem serviu de inspiração para Yves Saint Laurent criar o Le Smoking revolucionando a Alta Costura. Quer conhecer esta história? Fica até o fim e saiba mais.
*Conteúdo produzido por humano
Quem foi Marlene Dietrich
Nascida em 27 de dezembro de 1901 em uma família de classe
média de Berlin, Marie Magdalene Dietrich quando adolescente descobriu a
música, teve aulas de violino e se interessou por teatro e cinema incentivada
pelos pais, um tenente da polícia e a mãe
vinda de uma família de ricos joalheiros.
No início da década de 1920, Marlene Dietrich deu os
primeiros passos como atriz nos palcos e no cinema. Mas o sucesso chegou em
1930 com o filme "Anjo Azul" do diretor Josef von Stenberg interpretando
a sedutora Lola, uma estrela de cabaré vulgar que manipula um professor
apaixonado. Filmado em inglês e alemão, sua atuação foi aclamada principalmente
pela interpretação da canção "Estou disposta a amar da cabeça aos
pés" (tradução livre), que a tornou conhecida internacionalmente.
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Marlene Dietrich | Anjo Azul - 1930 |
Diante das câmeras de von Sternberg, Dietrich aprendeu
técnicas de maquiagem, iluminação e edição que lhe permitiram manter o controle
de sua imagem por muitos anos. Outros sucessos vieram com "Marrocos"
(1930) e "Shangai Express (1932). Com isto, despertou o interesse do
regime nazista que tentou usa-la para fins de propaganda política.
Ela rejeitou e decidiu que era necessário mudar para os EUA
para seguir em sua carreira. Solicitou a cidadania americana que lhe foi
concedida em 1939. Durante a Segunda Guerra Mundial, Marlene Dietrich atuou
para as tropas aliadas na frente de batalha, cantando para os soldados, incluindo
o sucesso "Lili Marlene", o que lhe valeu a Medalha da Liberdade dos
EUA.
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Marlene Dietritch e as tropas aliadas |
A criação da "silhueta Dietritch"
Nos EUA, como estrela da Paramount, Dietrich dividia a fama
com Greta Garbo da Metro Goldwyn Mayer, e a partir daí assumiu com naturalidade
a sua imagem andrógina, desafiando as convenções e os estereótipos de seu
tempo. Essa estética andrógena foi deliberadamente criada por Dietrich em
colaboração com seu mentor, o diretor de cinema Josef von Sternberg. Ela emagreceu,
tingiu o cabelo de loiro e adotou as sobrancelhas finas e desenhadas a lápis
que se tornaram sua marca registrada.
A "silhueta Dietrich", como ficou conhecida, foi
inicialmente definida pelo corte masculino de seus terninhos. Ela tinha ombros
largos e quadris estreitos por isso sempre mandava fazer suas roupas sob medida,
devido às características de seu corpo. O fotógrafo da Paramount, Eugene Robert
Richee se encarregou de construir o "mito" Dietrich, em uma série de
fotografias para divulgar sua imagem como estrela de sucesso. Nestas fotos a
atriz usa cartola, gravata branca e fraque, e aparece fumando cigarro.
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A "silhueta Dietritch" |
Este estilo estava fora dos padrões da época onde a feminilidade e delicadeza eram as marcas das mulheres. Marlene Dietritch rompeu estes padrões estéticos e por muitos anos se consagrou como atriz e pelo estilo.
Aos poucos o estilo mudou, evoluindo para um visual
sofisticado e luxuoso sempre usando joias caras, casacos de vison, saltos
altíssimos, comuns da época.
Em 1959, Marlene Dietrich veio ao Brasil. Hospedou-se no
hotel Copacabana Palace, no Rio, em cujo teatro ela se apresentou cantando.
Incluiu no repertório “Lili Marlene”, seu maior sucesso. No final, ela
surpreendeu a plateia, cantando com sotaque, "Luar do Sertão" de Catulo
da Paixão Cearense canção muito popular na época.
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Marlene Dietrich e o Presidente JK. Rio 1959 | Acervo O Globo |
Na década de 1970, Marlene Dietrich se fixou em Paris. Com a
saúde comprometida e isolada, morreu em 6 de maio de 1992. Seu funeral em
Berlim levou-a de volta ao local onde sua jornada começou. Em 1997, foi dado o
seu nome a uma praça no centro da capital alemã, com a dedicatória: “Estrela
mundial do cinema e da música de Berlim. Compromisso com a liberdade e a
democracia, para Berlim e para a Alemanha”.
Yves Saint Laurent e a criação do Le Smoking
Saint Laurent projetou o Le Smoking combinando elementos de
ternos masculinos e roupas femininas. Sua criação foi o primeiro do gênero e
ganhou destaque no mundo da moda, por introduzir calças femininas em coleções
de alta costura. O smoking masculino era usado apenas por homens em salas de
fumantes para proteger as roupas do cheiro de charutos.
"Para uma mulher, Le Smoking é uma peça indispensável com a qual ela se encontra constantemente na moda, porque o que importa é estilo, não moda. Modas vêm e vão, mas o estilo é para sempre". Saint Laurent
A inspiração
A inspiração surgiu quando Yves Saint Laurent viu uma fotografia
de Marlene Dietrich de 1933. Ela vestia um terno sob medida com uma perna
levantada no estribo de um Rolls Royce Phantom I Convertible Sedan 1929, um
presente dos seus chefes dos estúdios da Paramount.
“Fiquei profundamente impressionado com uma fotografia de Marlene Dietrich vestindo roupas masculinas”, disse Saint Laurent. “Um smoking, um blazer ou um uniforme de oficial da Marinha — uma mulher vestida de homem deve estar no auge da feminilidade para lutar contra um traje que não é seu.”
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Marlene Dietrich. 1933 |
O lançamento do Le Smoking aconteceu na coleção de
alta-costura Outono-Inverno de 1966. O modelo tinha a cintura da blusa mais
estreita, realçando o formato do corpo feminino. As calças ajustadas ajudavam a
alongar as pernas. Além disso, a gola era mais feminina, com o formato e as
curvas mais sutis. O modelo revolucionário se transformou em um símbolo da
emancipação feminina.
A rejeição do Le Smoking
Mas a aceitação do Le Smoking em ambientes sofisticados não
foi tão natural. A maioria dos hotéis e restaurantes se recusava a servir
hóspedes femininas que usassem calças que na época, era terminantemente
proibido.
Um fato curioso aconteceu com a socialite Nan Kempner, figura badalada de Nova York que foi mandada
embora do Le Côte Basque, em Nova York, enquanto usava seu smoking Yves Saint
Laurent. Para protestar contra essa decisão e também para zombar do código de
vestimenta ultrapassado, ela simplesmente tirou a parte de baixo do smoking e
entrou no restaurante vestindo apenas o paletó, como um minivestido justo até a
coxa.
Mas mulheres mais liberadas como Liza Minelli, Diane Keaton, Bianca Jagger, Faye Dunway, Charlotte Rampling e Lauren Bacall transformaram o Le Smoking em uma espécie de uniforme, contribuindo para criar este legado da moda.
Yves Saint Laurent desenhou mais de 200 variações de Le
Smoking em cada uma de suas coleções até se aposentar em 2002. Quando lhe
perguntaram, o Le Smoking original de 1966 ainda era o seu favorito. As mulheres agradecem!
E por hoje é isso. Esperamos que tenha gostado do nosso conteúdo e conhecer um pouco sobre Marlene Dietrich e seu estilo andrógeno que inspirou Saint Laurent na criação do Le Smoking revolucionando a Alta Costura em 1966.
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CRÉDITOS:
FONTES DE TEXTOS E IMAGENS
https://www.theguardian.com/film/2017/nov/26/marlene-dietrich-androgyny-sexuality-exhibitions
https://www.veranda.com/luxury-lifestyle/luxury-fashion-jewelry/g34968243/marlene-dietrich-style/
https://uhnwmagazine.com/2022/06/15/ysl-le-smoking/