A invenção dos broches
Se hoje vemos os broches como joias ou acessórios, eles
começaram a ser usados como itens funcionais e utilitários que serviam para
prender as peças que se transformavam em uma espécie de tanga. Os primeiros
registros mostram broches feitos a partir de espinhos. Os sumérios usavam para
prender os kaunakes e transformar os retângulos em vestidos.
Chegamos na Idade do Bronze e os broches tomaram forma de alfinetes simples com anéis circulares, e eram muito usados para prender capas e outras peças de vestuário durante o inverno. Na medida em que os artesãos aprimoravam suas habilidades e o ferro se tornava um material mais disponível, os broches começaram a assumir formas mais elaboradas, com detalhes em espiral e uma aparência de disco, que além de sua função, já assumiam também o caráter de ornamentação.
As formas e motivos naturalistas inspiraram os artesãos
durante o período anglo-saxão (410 - 1066 d.C), da Irlanda e Grã-Bretanha. Eles produziam
alfinetes coloridos feitos com pedaços de esmalte em forma de pássaros, galhos
e até folhas. Esses broches eram utilizados como fechos de manto por celtas e
vikings e tinham a forma de um longo alfinete preso a um anel que se movia e,
já aberto permitia que o alfinete passasse sem deixar um furo permanente na
roupa e fazia parte do vestuário masculino e feminino.
Os broches como joias e adornos
No Renascimento o broche se estabeleceu como um acessório
decorativo usado pelos aristocratas da época, que usavam preso aos vestidos ou como
pendentes. Neste período, a moda dá os seus primeiros passos e os broches se tornam ornamento essencial também
na roupa dos burgueses. Estas peças muitas vezes apresentavam pedras preciosas
recém-descobertas, como esmeraldas, diamantes e rubis, e significavam que o
usuário pertencia à classe alta.
Como a moda se espalhava e alcançava todas as classes, os
broches se popularizaram e se tornaram mais disponíveis para as massas, e a
variedade de designs também começou a crescer no século XIX. Fortunato Pio
Castellani, joalheiro e ourives romano, ganhou popularidade por ser pioneiro em
reproduzir o estilo grego e etrusco em joias e costumava recriar as peças em
forma de disco usadas durante a era etrusca e indicavam que seus usuários
acompanhavam a moda.
Estilos de broches na Era Vitoriana
A era vitoriana, trouxe uma nova função para os broches.
Eles começaram a adquirir significados sociais e pessoais mais profundos.
Depois da morte do príncipe Abert em 1861, a rainha Vitória passou a usar joias
mais escuras para refletir seu luto, a realeza também aderiu o estilo, dando
origem ao "broche de luto".
Os broches de luto eram normalmente feitos com esmalte preto
e pérolas, ou em tons sépia montados em marfim, e muitas vezes incluíam uma
mecha de cabelo do falecido, além das datas do seu nascimento e da morte no
desenho.
Novos estilos dos broches
No final do século XIX surgem broches luxuosos,
representando flores, insetos e folhagens, se tornaram moda. O estilo "aigrette" do broche era semelhante
a uma pena que exibia diamantes e granadas e às vezes possuíam pequenos
pássaros voando ao redor de uma pluma e podiam ser usados no cabelo.
Já na França, a moda era o "En Tremblant", um termo francês que significa tremer e define
um tipo de broche, na maioria das vezes no formato de flor, onde o centro da
flor é preso a um mecanismo que permite que a flor se movesse com algum
movimento de quem usava. Esses tipos de broches eram cravejados com diamantes
muito usados nos séculos XVIII e XIX, antes do advento da eletricidade. O
efeito de tremor era mais impressionante quando os diamantes se moviam à luz
das velas.
Os broches temáticos
Broches de "Grand Tour"
Para refletir a sofisticação cultural da última parte do
século XIX, as classes mais altas da Europa disfrutavam do "Grand Tour",
um feriado padrão para estas classes. Ao viajar por Veneza, Florença e Roma, os
turistas compraram broches como joias-souvenirs da sua viagem, cujo tema
incluía a arquitetura romana antiga além de flores, animais e pássaros.
Broches de Camafeus
Embora os camafeus - pedras duras e conchas esculpidas em
relevo - remontem a tempos antigos, eles também faziam parte das lembranças do "Grand
Tour". Muitos associam broches de camafeu à Rainha Vitória, que tinha o
hábito presentar os membros da corte e funcionários, com imagens dela ou do Príncipe
Albert. Mas os broches de camafeu mais atraentes ao longo do tempo são os que
narram lendas, cenas mitológicas ou deuses e deusas.
Broches de amor
A Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) trouxe uma nova
função para os broches: eram dados pelos soldados aos seus entes queridos
quando seguiam para a guerra. Conhecidos como "broches de amor" no
final da Era Vitoriana foram confeccionados em folhas de prata e simbolizavam
afeto, com motivos e mensagens mais variadas. Eram decorados com pombinhos e
corações duplos, até votos de boa sorte e fabricados em prata, material mais
acessível, e quase todas as classes sociais podiam possuir ou presentear estas
lembranças.
Broches Art-Decó e no Pós Guerra
Nos anos 1920 e 1930, período do Art Decò, um tipo de broche
se consagrou como moda E possuía um design diferente, que possibilitava seu uso
de diversas maneiras. Podia ser usado como um grande broche ou destacados e
usados como clipes separados, por possuírem um mecanismo de encaixe na parte de
trás que possibilitava esta divisão. Eram fixados nas alças e nos decotes
esquerdo e direito dos vestidos, nas golas e punhos, e também podiam ser
fixados em acessórios como sapatos ou mesmo, presos a uma bolsa.
Com o fim da Guerra em 1949, o mundo retoma a produção do
luxo interrompida devido à escassez de materiais e joalherias famosas como Van
Cleef & Arpels, David Webb e Verdura além de Renèe Lalique produziram peças
marcantes com motivos nunca vistos antes. Os icônicos broches com a bailarina
espanhola enfeitada com um cocar de rubis, segurando um leque da Van Cleef
& Arpels inspirado na paixão de Louis Arpels pelo balé e pela ópera, representam
o clima da época.
Rainha Elizabeth II: paixão por broches
Já que citamos a Rainha Elizabeth II que não dispensava os broches,
vale lembrar que eles pertencem a uma vasta coleção de joias valiosas da
Família Real. Cada broche da Rainha Elizabeth II tem uma história. Uns ela
ganhou quando nasciam seus filhos como presentes do Príncipe Phillip, outros em
datas comemorativas e outros ainda como presentes de outras realezas.
Mas um em especial, é o presente que sua bisavó, a rainha Vitória ganhou na véspera do casamento com o Príncipe Albert. Era tão especial, que a rainha Vitória deixou como joia da Coroa e deveria ser transmitido à todas as Rainhas e Rainhas Consortes.
Broches nas passarelas
Bom, mas não só de luxo e realeza vivem os broches. Prova
disso, é que sempre aparecem nas passarelas das semanas de moda Prê-à-Porter.
Nos desfiles de Outono-Inverno 2025, apareceram em pelo menos duas coleções: Miu
Miu e Toga. Aliás, parece que Miucha Prada ama broches. No ano passado eles
estavam lá também na coleção Outono-Inverno da Miu Miu.
Finalizando, neste post você conheceu como os broches, sejam eles em joias de valor incalculável ou bijuterias, surgiram como peças funcionais e utilitárias, atravessaram o tempo e permanecem até hoje nos looks sofisticados ou descolados.
E por hoje é isso. Esperamos que tenha gostado do nosso conteúdo.
Obrigada pela visita. Você é sempre bem-vindo por aqui.
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CRÉDITOS
Fontes de Imagens e Texto
https://www.veranda.com/luxury-lifestyle/luxury-fashion-jewelry/a35383203/history-of-the-brooch/
https://www.miumiu.com/br/pt/miumiu-club/fashion-shows/fw25-fashion-show.html