OS RETRATOS, A ARTE E A MODA: DO SÉCULO XVII AO SÉCULO XIX

21.5.25 |




Antes da invenção da fotografia, a arte da pintura dos retratos eram os principais registros da realeza, aristocratas e dos burgueses poderosos, que escolhiam pintores para fazerem seus retratos com roupas luxuosas, coroas e joias e estes retratos eram símbolos de status. Desde a Idade Média até o final do Séc XIX, os retratos dão uma visão dos estilos de cada época e se tornaram importantes fontes de pesquisas para a história da arte e da moda, principalmente pela riqueza de detalhes que possuem. Este é o tema do nosso artigo de hoje: os retratos, a arte e a moda. Vamos lá?

* Conteúdo criado por humano

Os retratos no final da Idade Média


No final da Idade Média, tiveram início os primeiros movimentos em direção ao Renascimento. Reis, príncipes, aristocratas, igreja e a burguesia, passaram a financiar pintores, escritores, escultores, para que eles pudessem viver exclusivamente de sua arte. Eram chamados de mecenas.


A família Médici em Florença e os Sforza de Milão, burgueses poderosos, se destacaram como mecenas. Graças a estes patrocínios, artistas como Leonardo da Vinci e Michelangelo, entre tantos outros deixaram obras importantes admiradas até hoje. Agnolo Brozino foi um pintor retratista patrocinado por Lorenzo di Médici, deixando em suas obras imagens da poderosa família mais influente de Florença.


<img src="maria-de-medicis-1551.png" alt="Retrato de Maria de Medicis em 1551"/>
Retrato de Maria di Médicis por Agnolo Bronzino. 
Via | https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_de_M%C3%A9dici_(1540%E2%80%931557)


<img src="eleonora-de-toledo-pintado-por-agnolo-bronzino-1562.png" alt="Retrato de Leonora de Toledo  pintado por Agnolo Bronzino em1562"/>
Eleonora de Toledo por Agnolo Bronzino- 1562.
Via | https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonor_de_Toledo_(1522%E2%80%931562)


Renascimento


Durante o período Elizabetano (1550-1603) as saias eram extremamente armadas com arcos de arame. A parte superior era um espartilho afunilado e alongado na parte da frente com as mangas bufantes de grandes proporções. Era um vestuário mais fechado sem uso do decote. A peça que caracteriza esse período é o RUFO, uma espécie de gola armada de renda, arredondada, que fazia uma volta por todo o pescoço.


Os retratos de Steven van der Meulen, pintor nascido em Antuérpia, que exerceu sua arte entre 1543 e 1563 se destacou na Inglaterra na primeira metade do reinado de Elizabeth I. Essas obras nos permite conhecer os detalhes dos estilos da corte inglesa do período. Observe a impressionante riqueza dos detalhes!


<img src="elizabeth-i-retrato-da-armada-steven-van-der-meulen.png" alt="Elizabeth I , retrato da armada pintado por Steven van der Meulen"/>
Elizabeth I da Inglaterra. Por Steven van der Meulen. 
Via | https://pt.artsdot.com/@@/9DH3ZS-George-Gower-retrato-de-rainha-Elizabeth-I-o-retrato-de-Armada


<img src="robert-dudley-pintado-por-steven-van-der-meulen
Robert Dudley- Conde de Leicester- Por Steven van der Meulen.
Via | https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Robert_Dudley.jpg



Barroco


A partir de 1680 a moda muda e o RUFO masculino se transforma até virar uma gola caída. O traje feminino apresentava um vestido constituído de três saias, camisa bordada com punhos rendados, corpete com decotes baixos.


As mangas do corpete passaram a atingir o comprimento dos cotovelos, com os punhos franzidos da camisa visíveis. Os vestidos com caudas longas tornaram-se moda. O retrato de Anna Josepha Monialis dá uma boa ideia desse visual.


<img src="anna-josepha-monialis.png" alt= Retrato de Anna Josepha Monialis"/>
Anna Josepha Monialis. Via | https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pier_Francesco_Cittadini_(attr)_Portrait_Anan_Josepha_Monialis.jpg


Rococó


Desenvolveu-se no sul da Alemanha e Áustria e principalmente na França, a partir de 1715, após a morte de Luís XIV. Também conhecido como “estilo regência”, reflete o comportamento da elite francesa de Paris e Versailles.


A importância da pintura de retratos atingiu o ápice entre a nobreza nos séculos XVIII e XIX. Paris era a capital da moda e as mulheres da Europa aderiram ao "robe à la francaise", criado na corte real francesa.


Este modelo consistia em uma saia rodada e um corpete rígido, e era frequentemente decorado com laços elaborados, rendas, bordados e às vezes peles. O vestido era dividido ao meio para formar uma abertura em V na saia que permitia que as anáguas aparecessem, criando a impressão de abundância de tecido e material. Abundância de tecidos e materiais eram sinônimo de riqueza.


Francois Boucher tornou-se um pintor da moda: em 1715 o Rei Luis XV, nomeou-o pintor da Corte e a partir desse momento concebeu numerosas obras-primas em que retratava variados membros das cortes francesa e italiana e de famílias reais. Os retratos de Jeanne-Antoinette Poisson, Marquesa de Pompadour a amante mais famosa do rei, mostram a extravagância dos seus vestidos luxuosos. Eles representavam seu poder e bom gosto e servia como propaganda dos melhores tecidos da seda francesa.


<img src="madame-pompadour-francoise-boucher-1750.png" alt" Retrato de Madame Pompadour por Françoise Boucher em 1750"/>o
Marquesa de Pompadour | por Françoise Boucher-1750
Via | https://uploads5.wikiart.org/images/francois-boucher/the-marquise-de-pompadour.jpg!HalfHD.jpg


Maria Antonieta


Maria Antonieta também tinha sua retratista preferida. Elisabeth Vigée Le Brun, chegou à corte francesa graças às suas amizades com pessoas influentes, e imortalizou a excêntrica rainha, conhecida por sua extravagância não só nos vestidos como em seu estilo de vida. Em 1770 os Os paniers, davam à saia o formato do quadril, tornaram-se cada vez mais largos, e as mulheres da sociedade também preferiam esses penteados imponentes lançados por Maria Antonieta. 


Maria Antonieta em "Traje de Corte" por Elisabeth Vigée Le Brun- 1778

Em 1783, Maria Antonieta pousou para um retrato de Elisabeth Vigée le Brun usando um vestido criado por sua estilista pessoal, Rose Bertin nomeada "Ministra da Moda". O vestido era feito de musseline branca, tecido então usado nas peças "de baixo", com uma rosa na mão e usando chapéu de palha de aba larga. A simplicidade do vestido em contraste com os modelos extravagantes que usava causou indignação e pintura teve que ser removida da exposição. Em tempo recorde, Le Brun pintou outro retrato muito semelhante, porém com um visual adequado às exigências da corte. 


Maria Antonieta em vestido de musselina. Elisabeth Vigée le Brun - 1783

Maria Antonieta por Elisabeth Vigée le Brun- Salão de Paris 

 

Século XIX


O século XIX começou com mudanças drásticas na moda em relação aos estilos anteriores. A Revolução Francesa trouxe à tona modas que vinham surgindo desde a década de 1780. O estilo neoclássico passou a definir a moda, com homens e mulheres se inspirando na antiguidade clássica.


O "robe à la française" de três peças havia acabado, os "paniers" desapareceram e as roupas femininas agora eram confortáveis. A silhueta de cintura alta em musselina leve era o estilo dominante, enquanto os homens elegantes buscavam nos alfaiates britânicos um visual novo e refinado.


Os retratos do pintor francês François Pascal Simon Gérard, Barão Gérard são notáveis pela simplicidade e por expressões reais, bem naturais. A partir destes retratos podemos ver o estilo leve e simples da virada do século. Seu retrato mais famoso é "Madame Récamier', de 1802. 


Madame Recamier - Por Françoise Pascal Simon Gérard- 1801

Neo Rococó


Esta simplicidade não demorou muito. Logo voltaram os espartilhos apertados e nas décadas de 1820 e 1830, as mangas bufantes estavam na moda. Este estilo ficou conhecido como Neo-Rococó, com as formas do Rococó retornando adaptadas, principalmente para o guarda-roupa feminino, com predominância das cores claras e, o uso da crinolina a partir de 1840.


O retrato "Imperatriz Eugéne e suas damas de companhia", pintado em 1855 por Franz Xaver Winterhalter, - o pintor germânico preferido da realeza europeia durante o séc. XIX-, mostra com riqueza de detalhes o estilo Neo Rococó.


"Imperatriz Eugénie e suas damas de companhia"- 1855 por Winterhalter.

Ainda no Século XIX, por volta de 1870, a crinolina desapareceu do guarda-roupa para dar lugar à anquinha, o que dava volume ao vestido apenas na parte de trás. A parte da frente era relativamente justa, o que inicialmente foi considerado impróprio.


Jacques Joseph Tissot, pintor e ilustrados francês, fez sucesso na sociedade parisiense, antes de se mudar para Londres em 1871. Se tornou famoso por pintar mulheres elegantemente vestidas em cenas da vida cotidiana. São estas pinturas que nos mostram o estilo do período final do Séc. XIX.


James Tissot - 1887. Via | https://pt.wikipedia.org/wiki/James_Tissot#/media/Ficheiro:James_Tissot_-_The_Gallery_of_HMS_Calcutta_(Portsmouth).jpg


A invenção da fotografia, no final do século XIX, se popularizou a partir de 1888, com a Kodak introduzindo a câmera tipo "caixão" e filmes substituíveis. Assim, todos podiam tirar suas próprias fotos sem precisar de fotógrafos. Com isso, os retratos chegaram ao fim, mas deixando um importante legado para quem estuda a história da moda e das sociedades de um modo geral. 


E por hoje é isso. Esperamos que tenha gostado do nosso conteúdo.

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Créditos:

Imagem da capa:

https://www.metmuseum.org/art/collection/search/438546


Fontes de Texto: 

A moda na Idade Moderna – Rococó – EstiloCult

Roupas na Era Elisabetana - Enciclopédia da História Mundial

Madame de Pompadour – 1759 | Historic Style




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